Muita gente não sabe, mas aquela inflamação que parece simples pode, sim, afetar a saúde do coração. Infecções que se repetem ou que não são tratadas direito, ou até doenças crônicas, têm um papel silencioso no aumento do risco de complicações cardiovasculares.
Neste artigo, você vai entender como a inflamação no corpo e no coração estão conectadas, quais os sintomas de alerta e quando procurar ajuda.
Diferença entre inflamação e infecção
Você sabe a diferença entre inflamação e infeção? É comum as pessoas confundirem esses termos, então vale explicar.
A inflamação é uma resposta natural do organismo a agressores externos ou internos, como vírus, bactérias, lesões físicas, substâncias químicas e até estresse. O objetivo da inflamação é combater esses agentes prejudiciais e reparar danos nos tecidos. Esse processo pode ser de dois tipos: agudo e crônico.
✅ Inflamação aguda: Ocorre como uma defesa rápida e visível em casos como resfriados, lesões ou infecções locais. Ela é temporária e tende a desaparecer quando o problema é resolvido.
✅ Inflamação crônica: Ocorre quando o processo inflamatório não é resolvido de forma adequada e persiste por longos períodos, como nas doenças autoimunes ou doenças cardiovasculares. Essa inflamação prolongada pode ser prejudicial à saúde.
Por outro lado, a infecção acontece quando agentes patológicos, como vírus, bactérias, fungos ou parasitas, invadem o corpo e se multiplicam. Esse processo afeta diretamente o organismo e pode gerar uma inflamação num local específico do corpo ou pelo corpo todo.
Embora toda infecção resulte em inflamação, nem toda inflamação é causada por uma infecção. Em condições autoimunes, por exemplo, o corpo gera uma resposta inflamatória contra seus próprios tecidos, sem a presença de agentes infecciosos externos.
Como a inflamação no corpo afeta o coração?
Quando o corpo está inflamado de forma constante ou descontrolada, o processo inflamatório pode afetar as paredes dos vasos sanguíneos, tornando-as mais propensas a sofrer danos. Esse dano facilita o acúmulo de placas de gordura, chamadas de aterosclerose, que se depositam nas artérias e podem endurecê-las.
Com o tempo, esse estreitamento das artérias dificulta o fluxo sanguíneo, aumentando o risco de doenças graves como infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral (AVC) e insuficiência cardíaca.
Além disso, infecções, como as virais ou bacterianas, podem afetar diretamente o músculo cardíaco, causando condições como miocardite e outras complicações sérias. Essas condições prejudicam o funcionamento do coração e podem comprometer sua capacidade de bombear sangue de forma eficiente.
Quando a infecção vai para o coração?
Quando uma infecção se espalha e atinge o coração, ela pode afetar diferentes partes do órgão, resultando em condições graves. Isso pode ocorrer de diversas formas:
Miocardite
É a inflamação do músculo cardíaco, geralmente causada por infecções por vírus, como o coronavírus. Ela pode enfraquecer o músculo do coração, dificultando sua capacidade de bombear sangue de forma eficiente. A miocardite pode ser leve ou grave, levando a complicações como insuficiência cardíaca, arritmias e até parada cardíaca.
Endocardite
Trata-se da infecção da camada interna do coração (endocárdio), frequentemente causada por bactérias que entram na corrente sanguínea e se fixam nas válvulas cardíacas. A endocardite é uma condição rara, mas pode ser extremamente grave se não for tratada rapidamente, podendo levar à falência das válvulas do coração e, em casos extremos, a infecção generalizada (sepse).
Pericardite
Inflamação do pericárdio, a membrana que envolve o coração. Ela pode ser causada por infecções virais, bacterianas ou até por reações autoimunes. Embora a pericardite em si nem sempre seja grave, ela pode causar dor intensa no peito e, em casos mais sérios, pode levar a complicações como derrame pericárdico (acúmulo de líquido no pericárdio), que pode comprometer o funcionamento do coração.
Quando a infecção afeta o coração, é importante um diagnóstico precoce e um tratamento adequado para evitar complicações graves. Isso pode incluir o uso de antibióticos, antivirais ou, em casos mais avançados, a necessidade de cirurgias.
Quais são os sintomas de inflamação cardíaca?
Os sintomas de inflamação cardíaca podem variar dependendo da gravidade e do tipo de inflamação, mas em geral incluem sinais que afetam a função do coração e o sistema circulatório. Os principais sintomas são:
✅ Falta de ar (dispneia): Um dos primeiros sinais de inflamação cardíaca, quando o coração não consegue bombear o sangue de maneira eficiente. A falta de ar pode ocorrer tanto com esforço quanto em repouso, e pode piorar à noite.
✅ Dor no peito: A dor no peito pode ser intensa e muitas vezes é confundida com dor associada ao infarto. Ela ocorre devido à inflamação no músculo cardíaco (miocardite) ou na membrana que envolve o coração (pericardite).
✅ Fadiga excessiva: O cansaço extremo é outro sintoma comum. Com o coração inflamado, ele precisa trabalhar mais para bombear o sangue, o que resulta em uma sensação de cansaço constante e falta de energia.
✅ Palpitações: Batimentos cardíacos alterados também são frequentes em casos de inflamação cardíaca. Essas palpitações ocorrem devido ao aumento do esforço do coração para compensar sua função comprometida.
✅ Inchaço nas pernas, tornozelos e abdômen: Quando a inflamação cardíaca prejudica a capacidade do coração de bombear o sangue adequadamente, o líquido pode se acumular no corpo, resultando em inchaço nas extremidades, especialmente nas pernas e tornozelos. Esse sintoma pode indicar que o coração está em insuficiência.
✅ Febre persistente: A febre pode ser um sintoma associado à inflamação, especialmente se a causa for uma infecção viral ou bacteriana. No entanto, a febre também pode ocorrer em inflamações cardíacas não infecciosas, como nas doenças autoimunes.
Quem corre mais risco?
Algumas pessoas têm mais chance de desenvolver complicações cardíacas devido à inflamação. Os principais grupos de risco são:
✅ Pessoas com doenças crônicas: Pacientes com condições como diabetes, hipertensão e colesterol alto têm uma tendência maior a desenvolver inflamações crônicas no corpo, que podem afetar o coração.
✅ Idosos: O envelhecimento aumenta a frequência de doenças inflamatórias, tornando o coração mais vulnerável a infecções e inflamações.
✅ Pessoas com doenças autoimunes: Doenças como lúpus e artrite reumatoide envolvem uma resposta inflamatória constante no corpo, o que aumenta o risco de inflamações cardíacas.
✅ Imunodeprimidos: pessoas com sistemas imunológicos enfraquecidos, como quem usa medicamentos imunossupressores ou tem HIV, apresentam maior risco de infecções que podem se espalhar para o coração.
✅ Fumantes e alcoólatras: O tabagismo e o consumo excessivo de álcool aumentam a inflamação no corpo, contribuindo para desenvolver doenças cardiovasculares, incluindo a inflamação cardíaca.
✅ Histórico familiar de doenças cardíacas: Pessoas com histórico de doenças cardíacas na família têm maior probabilidade de desenvolver problemas cardíacos relacionados à inflamação, devido a fatores genéticos.
Para reduzir esses riscos, sempre trate infecções corretamente, com acompanhamento médico; mantenha uma alimentação saudável, evitando alimentos industrializados; pratique atividade física regular; não fume; controle doenças como diabetes e hipertensão; realize check-ups regulares com cardiologista.
Se você teve uma infecção recente e está com sintomas persistentes, procure uma avaliação especializada. A Clínica Átrios está pronta para te atender com segurança, tecnologia e cuidado com o seu coração.
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